Ministério Público faz operação para suspender plataforma que abriga perfis com conteúdos que defendem violência nas escolas
Operação para suspender uma rede social foi deflagrada nesta segunda-feira (24) pelo MPSP (Ministério Público e Segurança Pública). A plataforma é utilizada com frequência para compartilhamento de conteúdos com apologia à violência em escolas e também com ensinamentos de fabricação de armas.
Essa nova rede social, cujo nome tem sido guardado em sigilo para que não haja publicidade e, consequentemente, novos adeptos, teria surgido logo após o governo federal fechar o cerco às tradicionais redes sociais visando os perfis que fazem apologia ao crime.
Em março, um estudante da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Zona Oeste de São Paulo, realizou um ataque que matou uma das professoras e feriu outras cinco pessoas. Ele havia antecipado o ataque em uma rede social, que tinha conta fechada no Twitter, somente 29 seguidores e cujo nome remete a um dos agressores do ataque a escola de Suzano, na Grande São Paulo, em 2019. Na postagem constavam fotos com máscara de caveira e uma faca, que depois seriam utilizadas no crime.
O portal Núcleo publicou na semana passada reportagem sobre a rede e fez denúncia ao Ministério Público. A reportagem informa que a tal rede social, cujo nome preferiu não informar, “de culto a massacres escolares” tem ficado no topo de buscas do Google. Informa ainda que “è bem pequena”, com apenas 170 usuários, mas que tem sido usada “ativamente por pessoas que foram banidas do Twitter para compartilhar posts contendo apologia à violência”.
NA PARAÍBA
Operação conjunta entre a DECC (Delegacia de Crimes Cibernéticos), o Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado, órgão ligado ao Ministério Público, a Polícia Civil da Paraíba e a Polícia Federal suspendeu nesta segunda-feira (24) a rede social Volo. De acordo com as investigações, na plataforma eram permitidos posts com conteúdo contendo ameaças de ataques a escolas do Estado, incitação e apologia ao crime e aos criminosos, associação criminosa e atentado contra a segurança.
MPSP
Na semana passada o MP-SP (Ministério Público e Segurança Pública) participou de audiência sobre o tema. Participaram também especialistas no assunto, professores e parlamentares. Na pauta discussões sobre as possíveis causas dos ataques e medidas para alterar o agravamento das penas, além de ações de prevenção e auxílio à sociedade para o enfrentamento do problema.
“A preocupação nossa de convocar esse tipo de audiência pública é porque estamos preocupados que o Brasil passe a ser também um país concorrente até dos americanos nos ataques às escolas. Então qual é a solução? Temos que discutir qual a melhor maneira para que a gente saia com propostas legislativas palpáveis e plausíveis e que se tenha condições de serem operacionalizadas”, disse ao portal do ministério o senador Angelo Coronel, autor do requerimento da audiência pública.
Já Marivaldo Pereira, secretário da Saju (Acesso à Justiça), do MPSP, crê que os discursos de ódio sejam os causadores dos ataques em escolas Brasil afora. “Isso foi naturalizado ao longo desses quatro anos e o resultado nós estamos vivendo agora. Não é apenas a segurança pública, a segurança pública vai continuar atuando, o ministro Flávio Dino segue diuturnamente cuidando do tema. “A escola não pode ser um espaço de medo”, encerrou o secretário.