Organização declara que agora a doença é ‘problema de saúde estabelecido e contínuo’
A Covid-19 não é mais emergência em saúde pública de importância internacional. Após mais de três anos assombrando o mundo, a partir de agora a enfermidade será tratada como “problema de saúde estabelecido e contínuo”. Quem deu nova denominação à doença foi a OMS (Organização Mundial da Saúde), em declaração publicada na última sexta-feira (5).
As reuniões do CERSI (Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional), da OMS, aconteciam desde março de 2020, início da pandemia, para analisar o cenário mundial causado pela enfermidade. Em janeiro, mesmo com os casos da doença explodindo na China, Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, teria dito que havia esperança de que a Covid-19 não fosse mais emergência global.
Neste último encontro, a última sessão deliberativa, os integrantes do CERSI levaram em consideração a tendência decrescente de óbitos decorrentes da enfermidade, a diminuição no número de hospitalizações e nas internações em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) ocasionadas pelo coronavírus, causador da Covid-19, além dos níveis elevados de imunidade da população.
Devido à maior crise sanitária do último século, as nações do mundo inteiro foram obrigadas a tomar medidas de isolamento com as quarentenas, enfrentaram superlotação em hospitais, tiveram de criar hospitais de campanha, correram em busca de vacinas, além de encarar o desemprego e consequentemente o aumento da pobreza devido ao fechamento de fábricas e outros estabelecimentos comerciais.
De acordo com dados disponibilizados pela OMS, houve, até a produção deste texto, a confirmação de 765,2 milhões de casos da doença no mundo, com o registro de 7 milhões de mortes. A entidade ainda informa que foram aplicadas 13,3 milhões de doses de vacina conta a doença em todo o mundo.
Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, um dos mais afetados pela doença, somente no País, que teve a primeira confirmação do mal em fevereiro de 2020, haviam sido 701,4 mil óbitos causados pela Covid-19 até a data da publicação em seu portal, dia 28 de março de 2023.
“Um número que compreende todas as trajetórias interrompidas e famílias enlutadas. Milhares delas poderiam ter histórias diferentes com uma ação simples: vacinação. No combate da maior crise sanitária da história do País, a ciência comprova que a principal forma de proteção contra casos graves e óbitos é a vacina”, diz trecho do texto no portal da pasta.
No território brasileiro, acrescenta a pasta, ainda houve 37,4 milhões de infecções causadas pelo coronavírus.
AINDA UMA AMEAÇA
Mesmo após a declaração da OMS, o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom, deixou claro que a doença ainda continuará sendo “ameaça à saúde” do planeta. “Esse vírus veio para ficar. Ainda está matando e ainda está mudando. Permanece o risco do surgimento de novas variantes que causam novos surtos de casos e mortes”, disse ele no pronunciamento. Quando disse que “ainda está matando”, ele se referia ao índice registrado na última semana, de uma vítima a cada três minutos. E acrescentou “Milhares seguem em terapia intensiva, lutando por suas vidas, e milhões vivem os efeitos debilitantes da síndrome pós-Covid”. O diretor terminou afirmando que não hesitará em convocar novamente o comitê caso a Covid volte a colocar a população em perigo.
Em sua conta na rede social Twitter, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu à população brasileira que prossiga com a vacinação e criticou o governo anterior. Ele também lembrou que a pandemia, apesar do anúncio da OMS, ainda não acabou.
“Depois de 3 anos, hoje finalmente podemos dizer que saímos da emergência sanitária pela Covid-19. Infelizmente, o Brasil passou da marca de 700 mil mortos pelo vírus. E acredito que ao menos metade das vidas poderiam ter sido salvas se não tivéssemos um governo negacionista”. “Apesar do fim do estado de emergência, a pandemia ainda não acabou. Tomem as doses de reforço e não deixem de ter o esquema vacinal sempre completo. E o governo federal irá incentivar a saúde, ciência e pesquisa no nosso País. Irá atuar para preservar vidas, postou o presidente na sexta-feira.