Diretor executivo da plataforma havia divulgado vídeos dele com ameaças e exposição de dados de clientes nas redes sociais
A Hurb, conhecida até recentemente como Hotel Urbano, tem passado por crise, com fechamento de hotéis e pousadas e até mesmo suspensão de reservas de hospedagem devido a atrasos ou falta de pagamento por parte da empresa. Para piorar a situação, após xingamentos a clientes em redes sociais, o diretor executivo da plataforma de turismo renunciou ao cargo.
Também fundador do Hotel Urbano, atual Hurb, João Ricardo renunciou à função nesta segunda-feira (24) depois de divulgação de vídeos dele contendo ameaças e exposição de dados de clientes nas redes sociais. Otávio Brissant, atual conselheiro-geral da plataforma, assume o comando interinamente. João Ricardo, entretanto, permanece como acionista principal.
João Ricardo vinha recebendo críticas devido ao modo como lidava com a crise que atingiu a empresa, que teve aumento no número de reclamações e de hotéis parceiros da companhia. Além da divulgação de vídeo com deboche a essas queixas, João Ricardo apareceu nas redes sociais no fim de semana xingando um dos clientes que reclamava sobre o cancelamento de um pacote adquirido com a empresa.
“Puxei sua capivara toda, não sabe nem falar seu retardado, bundão (…) Fica satisfeito de não viajar. Está arriscado alguém bater nessa merda da sua casa hoje, seu otário”, disse ele na última sexta-feira (21) a um cliente do Mato Grosso do Sul em uma ligação. Ele mesmo postou o vídeo com os xingamentos.
Em carta aberta em seu perfil no Instagram, João Ricardo reconheceu os erros e afirmou que se afasta com objetivo de separar a imagem da empresa das atitudes dele. “Esses recentes acontecimentos, na verdade, foram erros do ‘João Ricardo Mendes’ e não de uma companhia inteira que é muito maior do que eu. Está claro que este acontecimento é um reflexo de mim. E as críticas que recebi são um forte lembrete de que devo mudar fundamentalmente como líder e crescer”, escreveu ele.
CRÍTICAS
A plataforma tem sofrido série de críticas de seus clientes, que afirmam, mesmo após aquisição de pacotes, não conseguir viajar. Os pacotes flexíveis, nos quais são sugeridas pelos clientes três possíveis datas de embarque para que a empresa escolha uma delas ou data próxima à sugerida, são os campeões de reclamações. De acordo com as reclamações, clientes afirmam que chegam à data limite para envio de informações sem respostas da plataforma. Ao tentarem contato, as informações dão conta de que as datas não estariam mais disponíveis.
Para amenizar, é oferecido pela companhia a extensão do prazo limite do pacote, sugerindo que as pessoas selecionem outras três opções de data, ou peçam o reembolso dos valores. Essas novas datas, quando aceitas, muitas vezes também não são respeitadas pela companhia, e o reembolso é feito sem nenhum tipo de correção. O preço muito abaixo do mercado é o principal atrativo da plataforma.
Agora João Ricardo disse que irá passar um tempo dedicando-se aos estudos e refletindo sobre os acontecimentos. “Esta é a primeira vez que estou disposto a admitir que preciso separar o João ‘pessoa física’ do João ‘pessoa jurídica’, pois estou prejudicando muitas pessoas. Preciso de ajuda e aprender a como liderar um ’grayhound – navio da Marinha – e não mais um ‘barco pirata’ e pretendo obter esse conhecimento. Sei que isso não será do dia para a noite”, encerra o ex-diretor.
